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domingo, 24 de abril de 2011

Belém-Pa: Ruas do bairro do Telégrafo viram ponto de ação de ladrões.

Pará,24/04/2011
Moradores alertam para a criminalidade

Cercado por áreas periféricas, o bairro do Telégrafo, em Belém, se torna um celeiro fácil de vítimas para assaltantes. Moradores reclamam da escalada da violência em vias bem conhecidas, como as travessas Coronel Luiz Bentes e Magno de Araújo, com destaque para o aumento dos roubos a pedestres e aos estabelecimentos comerciais. As estatísticas policiais, contudo, não apontam alto índice de criminalidade por lá.

A reportagem apurou que há duas principais modalidades de crime no bairro. A mais grave visa a área comercial do Telégrafo, concentrada na avenida Senador Lemos e com reflexos em várias transversais, como as duas já citadas. Os criminosos nem sempre são das adjacências. Costumam, inclusive, andar em grupos bem armados e organizados para conseguir bastante dinheiro em uma única ação. Alvos preferenciais são farmácias e lojas.

A outra modalidade é residual e isolada. São pequenos assaltantes vindos de invasões dos arredores do bairro, como as do canal São Joaquim, bairro do Barreiro e principalmente da Vila da Barca. Vítimas de sua própria miséria, eles visam pedestres, casas e pequenos comércios isolados. Circulam sempre pelo bairro à procura de alguém que pareça distraído.

Por vários anos, moradores da travessa Coronel Luiz Bentes sentiram a segurança de morar próximos à delegacia do bairro. Só que, ano passado, quase toda a atividade foi transferida para a Seccional Urbana da Sacramenta, localizada a quilômetros de distância. Há dois meses, o atual Governo do Estado fez a seccional absorver a delegacia, que deixou de funcionar no antigo prédio, na esquina entre a travessa e a rua do Una, em frente à placa de inauguração da rodovia Artur Bernardes. Com isso, deixou de existir a circulação de policiais civis por lá.

Mas a presença da polícia permanece, pois o local passou a abrigar unidade da Fundação da Criança e do Adolescente do Pará (Funcap). Na última quinta-feira, havia 15 menores de idade internados sob medida socioeducativa, o que requer a presença ao menos esporádica de policiais militares da Companhia Independente Especializada de Policiamento Assistencial (Ciepas). Nada, contudo, tão intenso quanto na época de funcionamento da Delegacia do Telégrafo, garantem os moradores do bairro.

A diferença já começou a ser sentida pela população, afirma o arquivista André Lima Traveiro, 44 anos. Morador do bairro desde que nasceu, André percebeu aumento no número de assaltos desde o ano passado. A insegurança permaneceu neste ano e, acredita ele, pode ter sido potencializada pela troca de endereço da delegacia. "Eu tenho sorte de nunca ter sido assaltado, mas muitos familiares meus já foram e ontem mesmo vi uma mulher sendo roubada", ressalta o arquivista.

Ao mesmo tempo em que André Traveiro viu a maior parte das ruas ser asfaltada, também observou o crescimento do crime no bairro. Voltar à paz anterior, para ele, não é impossível. Basta que sejam feitos os esforços necessários. "Se colocar bastante polícia para proteger a população, eu acho que é possível voltar para aquela tranquilidade. Mas se continuar assim, a tendência é sempre piorar", prevê o morador.

Ladrões esperam "alguém que dê bobeira"

Quem visita o restaurante da esquina da rua do Una com a passagem dos Bancários provavelmente vai vê-lo trancado por cadeado. Não que esteja sem funcionar; é apenas uma das várias formas encontradas pelo dono, Maurício Calandrini Fernandes, 60 anos, de se prevenir de assaltos. Ele não foi assaltado, nos seus dois meses de empreendimento, mas já começa a sentir um certo arrependimento por se arriscar em uma área que considera tão perigosa. Pela experiência de trabalhos com segurança e pelos 8 anos como militar, busca evitar situações de fragilidade, mas sabe que isso não é garantia de sair ileso. "Os assaltantes sempre circulam por aí, esperando alguém que dê bobeira. Se vacilar, já era", afirma.

Antes de gerir o restaurante, Maurício fez transporte de valores. Desistiu quando, no mesmo bairro, teve roubados os R$ 60 mil dos quais era responsável. Só foram recuperados R$ 15 mil. Agora, ele pensa que poderia ter escolhido um lugar mais tranquilo. "As pessoas me aconselham e dizem para eu tomar cuidado aqui. O último a alugar esse espaço abandonou justamente depois de um assalto. Eu sei como é", completa.

Frango - Notícias de assaltos a comércios próximos foi o que os funcionários de uma venda de frango assado na avenida Senador Lemos mais ouviram nas últimas semanas. A novidade foi a invasão de bandidos a uma grande loja de peças de carros, há uma semana. Antes disso, uma loja de eletrodomésticos já havia sido o alvo. Já as duas farmácias da mesma esquina, na Magno de Araújo, já podem até ter se acostumado com as incursões criminosas.

Em 15 anos, o comércio de frango foi assaltado duas vezes, a última há um ano. Após essa, o dono contratou um segurança improvisado para ficar na calçada. Nada que traga muita tranquilidade a Jonas de Freitas, vendedor do local desde a inauguração. Em uma distração, a bicicleta do segurança foi furtada. "Não estão poupando ninguém. A gente só ouve falar do que acontece ao redor, mas tem que continuar trabalhando. Medo, todo mundo tem", lamenta.

Diretor de seccional diz que problema é maior em outras áreas

Para a polícia, as ruas Coronel Luiz Bentes, Magno de Araújo e passagem dos Bancários não são áreas problemáticas no bairro do Telégrafo. A constatação é do delegado Evando Martins, diretor da Seccional da Sacramenta. Ele chega a essa conclusão com base nos dados que recebe. Primeiro, pelo registro de ocorrências; depois, por informações anônimas que não param de chegar via disque-denúncia, o número 181. Na avaliação do delegado, há muitas outras áreas "mais vermelhas", ou seja, bem mais perigosas do que as ruas mencionadas.

Como exemplo, o delegado citou a área da rua Nova que passa próximo à Vila da Barca e o entorno do Canal Sâo Joaquim. As orientações à população sobre violência são sempre as mesmas: em caso de crime, registrar ocorrência na delegacia; e quem souber de informações importantes para ajudar a polícia, deve denunciar de forma anônima pelo número 181. "Diariamente recebemos esse tipo de denúncia. Quando aumenta a requisição de moradores em determinada área, mandamos policiais civis para verificar o que está ocorrendo. Faz parte da nossa rotina, mas é necessária a ação da população", argumenta Evando Martins.

Major ressalta a importância das vítimas registrarem ocorrência.

Ao tratar do policiamento no Telégrafo, o comandante da Polícia Militar na área, major César, é direto. Ele diz que, atualmente, o reforço da polícia não é direcionado para áreas retratadas em matérias jornalísticas. O planejamento é feito apenas sobre as estatísticas recebidas pelos policiais. "Daí a importância de as pessoas registrarem ocorrência. Se não fizerem isso, a gente não tem como saber quais as áreas mais carentes", afirma.

As rondas ostensivas do bairro são reforçadas por viaturas da Ciepas, que usam a unidade da Funcap - antiga delegacia do Telégrafo - como ponto básico, ou seja, sempre circulam por lá. A ajuda não é maior porque essas viaturas têm muitos bairros para circular, já que cobrem a 1ª, 6ª, 10ª e 24ª Zpol, uma área que corresponde a boa parte do centro da cidade, como os bairros do Comércio, Terra Firme e até a Sacramenta.

Outro problema no apoio que a companhia oferece ao policiamento regular é que sua função é voltada de forma específica para a segurança de crianças e adolescentes. É ela que transporta menores infratores detidos, das seccionais para a Divisão de Atendimento ao Adolescente (Data). "Mesmo assim, muitas vezes somos requisitados para ocorrências normais e sempre estamos prontos para agir. É até bastante comum", conta o soldado Leoni, da Ciepas.

Fonte:Amazônia Jornal on line
Redação:Felipe Faraon
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